sábado, 20 de fevereiro de 2010

O pianinho ainda toca.


Ainda que eu fosse uma mera mortal ou apenas uma deusa perdida do Olimpo, eu não choraria tanto assim com a sua partida repentina. Não, apenas hoje eu não me calarei, por algo que eu só posso, parar, olhar e sorrir. Mais sorrir amarelo, com uma pena do que vejo. Eu te perdi, mesmo sem ter achado. Estranho isso né? Ouço um acorde ao longe. O poeta me inspira a tocar o velho e bom piano, que eu deixei guardado no fundo do meu coração.


Eu vou caminhar, depois desse longo caminho me sentar na primeira ponte que eu encontrar. Mais não vou chorar, apenas vou balançar a cabeça e dizer: "Errei de novo. Obrigada coração." Vou continuar a caminha e ver meu passado me esquecer, entre os olhares perdidos, os sorrisos não dados e a solidão da tua ausencia que se faz tão longe no momento. Como eu pude me encantar assim, com algo tão longe de mim, mais tão perto do meu coração?


O barco segue. A linha corre. A solidão não apavora. Apenas a certeza que se eu errei, foi por desejar demais. Um dia resolvi ser mortal e ter coração, assim eu me apaixonei. Muito bem, bem vindo ao meu circo, onde o palhaço sou eu e você é o unico da minha plateia. Tá certo que hoje tá vazio, mais melhor assim, sabe, a vergonha é menor.


O dia vai passar. Sozinha eu seguirei, ao longe quando eu te avistar, sabe. Eu sorrirei e levemente inclinarei a cabeça para o lado, te olhando sem dizer: "É, meu bem... não foi dessa vez." Você apenas retribuirá com um sorriso e partirá. O pianinho continuara a tocar no meu coração, onde ao longe eu te acompanharei e verei você deixando o meu amor de fora do seu coração.


E mesmo que você tente me convencer do contrario. Nem eu, nem meus amigos, nem os teus amigos falaram nada. Apenas ficaram olhando esse barco passar, aonde a gente nem deveria ter se encontrado. O dia continuará nublado e no final do expediente eu te encontrarei, naquele mesma escada que você me sorriu pela primeira vez. Agora seu olhar estará baixo, em sinal de negativa, mais um uma dose de pena. Eu apenas balancarei a cabeça e partirei. Os amores não são feitos ao som do piano, apenas as dores desse amores. Os seus acordes são como lagrimas que pingam levemente no rosto, fazendo a gente rir das cócegas que elas fazem.


E vou te procurar aonde eu não sei, eu te encontrarei. Na escada que eu te pedir, no elevador que teu cheiro ficou, no corredor entre idas e vindas. Buscando teu olhar, que apagou o fogo da minha paixão juvenil, que se foi em uma mensagem de celular.


Eu resolvi crescer, antes de te encarar no expediente de amanhã. Será que o pianinho continuará a tocar? Vou esperar sentada, até você me procurar. Daí então te digo baixinho ao pé do ouvido, se ele continua tocar... E eu vou te abraçar só para fazer ele tocar novamente.


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