terça-feira, 9 de março de 2010

Refrão de um Tango Qualquer


Eu sempre penso demais, ao ponto de desenhar aquela velha história. Meio que perdida do sentimento em vão perdido, mais uma vez. Jogado aos céus, entre os labirintos que insistem em sobreviver na incerteza do não certo, pelo tempo em vão que perdi. Eu só queria não ter desejado o incerto presente dentro de mim, que ainda hoje me rasga a alma em sorrisos e significados que só meu proprio coração entende. Não sou sofrimento, apenas se conformar é o que me resta dentro desse taça de vinho que me é oferecida nessa noite.


Me arranja esse maço de cigarros e passa a garrafa de vinho, que hoje eu não tô afim de chorar. E muito menos de corrigir os erros presentes neste texto. Hoje eu quero o erro que grita dentro de mim e me faz pensar em me jogar nesse abismo que não enxergo. Eu quero é me sentar numa calçada suja, ver os cachorros correndo e o frio batendo em mim, enquanto eu engulo cada conformação que eu tenho que aceitar nessa vida. É eu estou afim de fazer isso, talvez eu não seja a melhor companhia para você. Na verdade eu nunca fui, não sei porque eu ainda insisti em tentar lutar contra isso dentro de mim.


A tristeza não bateu em mim, nem a raiva. Apenas a certeza plena de ter novamente perdido meus preciosos dias de pensamentos e inspiração. Sim, isso é uma carta de despedida de tudo aquilo que eu ousei desejar. Eu gosto de coisas complicadas demais. Acho que o belo da vida está na incerteza do abstrado. De ficar girando no mesmo eixo contrario, insistindo no que ainda é e nunca foi, nem será.


E é assim que me encontro, com a mão no queixo olhando o incerto, com uma tosse engasgada no peito e aquele nó na garganta que não sai, mesmo que a gente queria tirar, ele ainda insiste em ficar. As decepções são iguais aos sapos cururus, quanto a gente mais chuta ela volta, ela fica, ela encarna, ela insiste, ela fere com suas farpas, ela persiste e se cola em nós.


É o olhar que nao posso ver. Mais o circo está aí, acho que vou embora com ele. É resolvi ir, é melhor. Conhecer gente nova e uma vida de cigana me faria muito bem agora. A certeza de não saber o que será do meu amanhã e poder amar o mundo em um dia e no outro lavar o rosto e ir embora. É isso que eu quero, é isso que farei. Nada mais de boleros e sambas, que venha o Tango de Gardel. Regado ao bom vinho argentino e uma dose magoada de sabedoria prostibula de cigana de um circo.


Sua vez já passou, agora lhe abandonarei e partirei para outra. Você mais uma vez perdeu.

Adeus, vou pegar a condução com o Circo.


Vou ser feliz, amando o mundo sem ressentimentos.

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